Com o ritmo cada vez maior de trabalho e tarefas do dia a dia, muitas pessoas acharam nos energéticos uma forma de aguentar “a maratona”. Ricos em cafeína, estas bebidas são estimulantes, mas não devem ser consumidas em exagero, pois podem fazer mal à saúde. De acordo com o especialista em cirurgia geral e gastrocirurgia, do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, da capital paulista, Vladimir Schraibman, cada latinha de energético equivale a cerca de três xícaras de café, bebida que também é rica na substância. Por isso, o ideal é que a pessoa consuma, no máximo, uma lata e meia por dia, porque cafeína em excesso pode intoxicar o organismo, levando a náuseas, taquicardia, tremores, insônia, irritabilidade e zumbidos.  “A cafeína pode viciar, levando à necessidade de doses cada vez maiores para se obter o mesmo efeito. Tem gente que fica até com síndrome de abstinência”, alerta.

Contra-indicações – Alessandra Grisante, nutricionista especializada em Fisiologia do Exercício do Hospital 9 de Julho, da mesma cidade, afirmou que, nutricionalmente falando, não há recomendação do consumo de bebidas energéticas, principalmente para pessoas enfermas, crianças, gestantes, idosos etc. “Os efeitos variam de acordo com a dose ingerida e a sensibilidade de cada um. A quantidade que deixa o jovem eufórico, para um idoso hipertenso pode levar ao aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, com maior risco de morte”, explicou. Segundo ela, existe uma portaria – nº 868/98 – da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que obriga os fabricantes de bebidas energéticas a informar no rótulo que enfermos e idosos devem evitar seu consumo. Isto ocorreu após a descoberta de algumas irregularidades, como excesso de vitaminas e falta de comprovação das funcionalidades (potencializadora, estimulante, melhora do desempenho etc).

Combinação perigosa – Além de melhor desempenho para o trabalho, existem aqueles que buscam no energético mais disposição para festas e baladas, misturando a bebida com álcool. Segundo o médico Vladimir Schraibman, é justamente aí que está o maior perigo: “temos a depressão do álcool, mascarando seus sintomas, e a potencialização da cafeína. Além disso, a pessoa ingere a mistura e dificilmente se alimenta, levando a casos de desidratação e hipoglicemia”, destacou.A nutricionista aponta outro perigo da mistura: “o energético pode esconder os sinais de intoxicação do álcool, evitando que a pessoa perceba que já bebeu demais, podendo levá-la ao coma alcoólico, seguido de morte. A longo prazo, esta combinação é um fator de risco para o desenvolvimento de dependência química do álcool”.

Alternativas – Para os profissionais, o guaraná e o gengibre são estimulantes naturais, que podem ser usados por aqueles que objetivam se manter mais despertos. Eles destacaram o café, fonte de cafeína; chocolate (principalmente aqueles com maior teor de cacau); chás verde, mate e preto; e alguns refrigerantes. Para a nutricionista, a cafeína não é de todo ruim, visto que está presente em alguns medicamentos e estudos demonstraram que entre quatro e seis xícaras de café – grande fonte da substância – por dia são capazes de promover uma melhora do desempenho físico, estado de alerta e melhora neurocognitiva em atletas. “Mas todos eles, em excesso, também são responsáveis por efeitos adversos. É necessário cautela”, finaliza.

Fonte: Terra Saúde