Um projeto para criar um Cartão Digital de Vacinação poderá ser votado nas próximas semanas no plenário. O pedido de urgência para a votação do PL 6917/2017, de autoria do líder do Solidariedade, deputado federal Aureo (RJ), já está na mesa diretora e deve ser colocado em pauta em breve. A proposta facilita o controle dos pais sobre a imunização dos filhos e institui um sistema unificado de registro, que auxiliará o governo na promoção de campanhas e aquisições de vacinas.
Hoje, para o cidadão manter o controle das doses já tomadas, precisa guardar o cartão de papel com os registros das vacinas tomadas. Além disso, esses dados ficam disponíveis apenas no posto de saúde ou hospital onde ele foi imunizado. Se o cartão for perdido, é necessário voltar a cada posto e pedir um novo carimbo. “Precisamos facilitar a vida do brasileiro e garantir que ele receba todas as vacinas em dia, sem depender de um pedaço de papel, que é incompatível com a digitalização de documentos e processos de que necessitamos hoje em dia”, destaca o deputado.
Em muitos casos, reaver o cartão de vacinação pode ser inviável e muitas pessoas acabam optando por tomar a mesma vacina mais de uma vez. Comumente não há grandes complicações, mas com vacinas mais potentes, como a da febre amarela, a superdosagem pode matar. Em 2008, o Ministério da Saúde divulgou que 31 pessoas ficaram internadas e tiveram reações graves por tomarem mais de uma dose num curto espaço de tempo.
Gastos do Governo
Outro problema que o projeto quer resolver é o cadastro unificado de vacinação. O Brasil ainda não possui um tipo de controle efetivo para registrar quantas vacinas foram aplicadas, em quais cidades e quem as recebeu. E isso interfere diretamente na aquisição dos imunizadores.
Além disso, ter um banco de dados sobre as vacinas distribuídas e aplicadas nos estados facilita a realocação de recursos que sobram em determinada região, mas faltam em outra. Hoje, a distribuição é feita de acordo com os dados que o Ministério da Saúde recebe de campanhas anteriores e, como não há acompanhamento durante as campanhas, a redistribuição se torna impraticável.
Em 2011, com o surto da Gripe A, mais conhecida como H1N1, mais de 6,5 milhões de doses venceram sem chegar a população. O prejuízo, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), foi de R$ 78,5 milhões. “Digitalizar esse sistema irá certamente levar economia à saúde pública e otimizar as ações sanitárias, com mais controle e planejamento dos processos”, argumenta Aureo.