Um ano letivo foi, praticamente, perdido. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2020, quase dois milhões de alunos não tinham equipamentos eletrônicos para estudar. E cerca de seis milhões não tinham acesso à internet. Isto é, a desigualdade na educação cresceu com a pandemia.
A pandemia mostrou o que todos já sabiam: é preciso investir muito mais em educação. Claro que ninguém estava preparado para enfrentar essa crise. E nós vimos como nossa educação ficou prejudicada por não ter aulas. Afinal, milhões de crianças não tiveram acesso ao conteúdo para os alunos. Ou seja, ainda há muito para evoluir.
Vamos imaginar duas situações: a história de dois Joões. Um tem 17 anos e é estudante de escola pública. O outro tem a mesma idade e é estudante de escola particular. Durante a pandemia, ambos ficaram sem aulas presenciais. Mas um deles conseguiu estudar em casa, adivinha quem?
Por não ter computador em casa, o João, da escola pública, não conseguia acessar aos conteúdos das aulas. Com isso, ele ia até uma cidade vizinha para usar o computador de seu primo. Enquanto isso, o João, da escola particular, recebia os conteúdos e conseguia estudar de sua própria casa.
Os dois compartilham do mesmo sonho de estudar Medicina na faculdade. Agora eu te pergunto: qual dos dois tem mais chances de ser aprovado? 2020 foi um ano praticamente perdido para muitos alunos da rede pública. Infelizmente, a força de vontade dos alunos nem sempre é o suficiente para se sair bem no Enem.
Futuro da educação pública
A ideia aqui não é comparar o ensino público e particular. Pelo contrário, é mostrar que o público precisa de muito mais investimentos em tecnologia. Afinal, o futuro precisa de tecnologia. O que importa é pensar na geração de oportunidades para que mais crianças e adolescentes tenham acesso ao conhecimento.
Mesmo com as adaptações, os alunos brasileiros do 3º ano do Ensino Médio, por exemplo, deverão concluir esta etapa de ensino em 2021 sabendo apenas 20% do esperado em Português. Em Matemática, eles poderão regredir, de acordo com a pesquisa “Perda de aprendizagem na pandemia”, promovida pelo Instituto Unibanco e o Insper.
Dentre outros pontos apresentados, o estudo diz ainda que a perda de aprendizagem acumulada devido à pandemia já é estimada em 74% e que o déficit deverá impactar até a renda desses jovens ao longo da vida, retirando 0,5% do salário.
Além disso, a pesquisa também afirma que é possível reduzir as perdas de aprendizagem em 35% a 40% caso algumas ações sejam adotadas. Entre elas: dobrar o engajamento dos estudantes, adotar o ensino híbrido ao longo de todo o 2º semestre de 2021, adaptar currículos e acelerar o aprendizado. Diante de tanta incerteza, muitos pais têm buscado nas aulas de reforço a alternativa para repor o conteúdo perdido.
Sabemos, portanto, que as condições são diferentes para diversos alunos. Mas devemos aproveitar esse momento que todo o mundo está passando para uma reflexão: onde acertamos e onde estamos errando na formação de nossos jovens? A educação transforma vidas. E é por isso que investir em educação é investir em oportunidade. Fundamental para combater a desigualdade na educação brasileira.