Infelizmente, parece que só em datas como o Dia da Consciência Negra, que refletimos sobre a desigualdade no mercado de trabalho. Um problema enraizado que limita o crescimento e desenvolvimento do nosso povo. Já parou para pensar em quantos talentos perdemos pela falta de acesso à educação, por exemplo? E quando essa desigualdade é gerada pelo racismo, ela é ainda mais problemática. Isso porque o racismo estrutural tira oportunidades dos nossos jovens negros e a pandemia trouxe números devastadores que provam isso. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a crise da Covid-19 aprofundou as desigualdades entre os grupos vulneráveis e a população negra foi a mais atingida. Mas, você sabe por que o desemprego afetou ainda mais os negros nesse período?
Por que o desemprego aumentou entre os negros na pandemia?
De acordo com dados do IBGE, a taxa de desemprego geral ficou em 13,3% no primeiro ano da pandemia. Mas, quando olhamos para a cor do desemprego, o número passa para 17,8% entre as pessoas pretas. 15,4% entre pardos e 10,4% para os brancos. Ainda segundo o órgão, os setores que mais tiveram perdas na pandemia foram áreas majoritariamente ocupadas por negros. Como os setores de serviços e o trabalho doméstico, que são historicamente áreas que pagam menos e exigem menos formação.
O racismo está no cerne deste problema. Todos nós sabemos que o racismo estrutural atua assim ao longo dos anos, de forma quase imperceptível. Que tira as nossas crianças negras da escola, privando-as da educação e impedindo que, no futuro, elas atinjam posições de destaque. Defender a igualdade de oportunidades para todos, respeitando o passado e entendendo que nem todos nós saímos do mesmo ponto de partida significa entender a história do nosso país. O nome disso é equidade. Isto é, quando buscamos a igualdade, mas sem esquecer das diferentes histórias de vida e trajetórias de cada indivíduo.
Quem conhece o nosso trabalho sabe que defendemos a igualdade de oportunidades. E, por isso, sempre atuamos em defesa de políticas públicas que possibilitem a inclusão. Afinal, às vezes tudo o que uma pessoa precisa para mudar de vida é uma oportunidade, não é mesmo? Eu sei que uma das principais formas de reduzir a desigualdade é através da defesa da educação pública, de qualidade e acessível para todos. Gerar oportunidades é gerar esperança. É tentar reparar, de alguma forma, um passado de exclusão e injustiça. Esse é o nosso maior compromisso com o povo brasileiro.