Quem tem criança em casa sabe da dificuldade que foi lidar com os estudos nos últimos meses. Afinal, a pandemia atrasa alfabetização no Brasil. Sim, o verbo ‘atrasar’ está no presente, porque ainda vemos os efeitos disso em cada cidade. E, no início da pandemia, muitos diziam que a educação não era um serviço essencial. Essas pessoas acreditavam que o fechamento das escolas causaria apenas um atraso na formação dos estudantes.
Antes de mais nada, esse pensamento é superficial, uma vez que não leva em conta o quanto o processo educacional é complexo. Um exemplo é a alfabetização, etapa que exige mais que uma simples tela de celular ou computador. Já parou para pensar nos desafios da alfabetização à distância?
Os professores usam muitos recursos para a alfabetização. É só entrar na sala de aula de uma turma dessa fase para perceber: são letras animadas que formam objetos, cores, músicas e muitas estratégias para auxiliar no aprendizado. Afinal, para a criança tudo é novo, e os professores têm o contato físico como um aliado nessa etapa. Por isso, a participação dos pais e responsáveis nessa processo durante a pandemia foi tão importante.
Sabemos que o ensino remoto não funcionou em muitas cidades brasileiras. A falta de acesso à internet e o preço do serviço e dos aparelhos impossibilitaram o processo para muitas famílias. Tudo isso tornou a educação ainda mais desigual no país e prejudicou os alunos mais pobres. Uma alternativa foi a entrega de exercícios e materiais impressos para quem não tem acesso à internet. Mas, você concorda que os estudantes mais pobres foram os mais afetados?
Alfabetização em tempos de pandemia
Além da dificuldade no acesso à internet, as crianças em fase de alfabetização enfrentam outros problemas. É um grande desafio de ensinar a ler e escrever à distância.
É só pensar nas famílias em que todos os adultos trabalham e por isso não podem estar presentes no momento da aula online. Há outra questão que também não podemos ignorar: de acordo com o IBGE, o Brasil possui 11 milhões de analfabetos. Ou seja, são pessoas que não poderiam contribuir de forma efetiva para a alfabetização dos seus filhos, sobrinhos e netos. Isso só mostra o quanto o ensino presencial ainda é essencial para o desenvolvimento do nosso país.
A prova desse impacto está na pesquisa da Unicef, que mostra que a alfabetização foi a etapa de ensino mais afetada pela pandemia no Brasil. De acordo com os dados, 41% das crianças que não tiveram aula no período têm entre 6 e 10 anos, justamente a idade de alfabetização nas escolas públicas. Esse prejuízo pode ser irreversível, já que há estudos que mostram que o desenvolvimento infantil acontece na sua máxima potência nessa fase da vida.
Esse cenário reforça a urgência do retorno do programa Novo Mais Educação, extinto pelo Ministério da Educação em 2019. O projeto oferecia aulas de reforço, com foco em língua portuguesa e matemática, para a rede pública de ensino. Tive a oportunidade de solicitar ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, a volta imediata do programa.
Portanto, essa medida é fundamental para conter o retrocesso causado pela pandemia na educação pública brasileira. O seu filho precisa ser alfabetizado dentro da idade prevista. Nós não podemos deixar que as nossas crianças colham os piores frutos desse momento tão difícil para o país.
Reforço escolar
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