Tenho muito orgulho de ser fruto da educação pública. Graças à ela me tornei um homem questionador e certamente é por ela que estou aqui hoje. Como defensor da educação pública, sei que o momento exige a mobilização de todos. Isso porque, quatro em cada dez alunos da rede pública podem abandonar a escola em razão da pandemia, segundo pesquisa do Datafolha. Uma das ações emergenciais para mudar esse cenário é o retorno do programa Novo Mais Educação, com a proposta de implementar o reforço escolar no pós-pandemia.
O programa poderia ajudar a reduzir o impacto do fechamento das escolas na pandemia. Ele foi criado como uma estratégia para melhorar a aprendizagem com aulas de reforço e acompanhamento pedagógico. O projeto também contava com atividades de cultura, arte, esporte e lazer. Entretanto, o Ministério da educação encerrou o projeto em dezembro de 2019.
O fechamento das escolas foi uma das primeiras medidas para conter o avanço da Covid. Com a suspensão das aulas presenciais, a tecnologia deveria ser a solução. Entretanto, o atraso e a falta de acesso não deixaram. Nesse sentido, a pandemia afastou muitos alunos da sala de aula e aumentou a desigualdade na educação, uma vez que os alunos da rede privada não tiveram o mesmo impacto.
O impacto da pandemia na Educação pública brasileira
Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) mostram o retrocesso. O número de crianças e adolescentes fora da escola no Brasil passou de 1,3 milhão para 4 milhões na pandemia. A evasão escolar nunca esteve tão alta e os motivos vão desde o desemprego à dificuldade de acesso ao ensino remoto.
O ensino à distância foi uma alternativa. As aulas online surgiram como uma solução, mas foi aí que a desigualdade no acesso à internet falou mais alto. Segundo o IBGE, no início da pandemia, 4,3 milhões de estudantes não tinham acesso à internet, seja pelo valor do serviço ou falta de rede. Apesar dos esforços dos profissionais da rede pública, ainda assim 49% das secretarias municipais de Educação relataram altos graus de dificuldade para acessar a internet.
A combinação de escolas fechadas e falta de acesso à internet resultou em um colapso da educação pública. No ensino privado, 70,9% das escolas fecharam no ano passado. Enquanto isso, o percentual foi de 98,4% na rede federal, 97,5% na municipal e 85,9% na estadual. Além disso, 21,9% das escolas privadas adotaram o ensino híbrido, por outro lado, apenas 4% das escolas da rede pública adotaram a medida. Por esse motivo, a proposta de implementar o reforço escolar no pós-pandemia é tão importante.
Importância das aulas de reforço e atividades no contraturno
Os números mostram a urgência de políticas públicas que reduzam essas desigualdades. Teremos muito trabalho a longo prazo, mas precisamos de ações urgentes para quem está na escola e para os alunos que abandonaram a sala de aula. Por isso, solicitei o retorno do programa Novo Mais Educação para ajudar no combate à evasão escolar. As famílias brasileiras precisam voltar a acreditar no futuro, e garantir a educação das crianças e jovens é fundamental para esta retomada.
Com as aulas de reforço, todo o conteúdo que não foi bem absorvido pode ser revisto. O reforço vai garantir o aprendizado e evitar que o aluno saia da escola com dúvidas. Os estudantes também poderão desenvolver outras habilidades com as atividades de cultura, esporte e lazer. Tudo isso fora do horário das aulas, sem atrapalhar o andamento das disciplinas.
Só a educação muda o mundo e o cenário deixado pela pandemia exige rapidez. É assim que reitero o meu compromisso com a educação pública brasileira. Você que tem filhos sabe a importância de lutar pela educação nesse momento. Junte-se a nós, nossas crianças e jovens precisam dessa mobilização.