Sobre o discurso do ex-secretário especial de cultura, Roberto Alvim:
Nesta quinta-feira (16), foi publicado na página da Secretaria Especial de Cultura um vídeo no qual o então secretário Roberto Alvim fez um discurso semelhante ao do ministro de Adolf Hitler da propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels. Este, para quem não sabe, foi um antissemita radical e um dos idealizadores do nazismo.
Quando falamos em liberdade de expressão, garantida pelo Art. 5, inc. IX da Constituição Federal, falamos que qualquer intenção de normatizar, regulamentar ou nortear o processo de criação é inconstitucional. Ou seja, vai contra a essência da população brasileira.
A tentativa de exaltar um período sombrio que a humanidade viveu seria revoltante vindo de qualquer agente político brasileiro, porque vivemos em um Estado Democrático de Direito e quem exerce cargo eletivo tem como primeiro dever cumprir e guardar nossa Carta Magna.
E isso vindo do agora exonerado Secretário Especial de Cultura fica mais danoso, porque afasta ainda mais a cultura do povo.
A falta de interesse da população não é por ignorância, mas sim por conta da falta de equidade. Esta, em sua ausência, promove a falta de inclusão cultural. A maioria acredita que a cultura não lhes pertence.
E ainda vem o senhor Roberto Alvim para segregar ainda mais? Dizer que cultura pode se aproximar de um regime autoritário, como o Nazismo, só demonstra que esse senhor está longe de poder exercer o cargo que lhe foi conferido, já que desconhece o que é ser brasileiro.
A liberdade que hoje temos de ouvir a música que queremos; ver a peça de teatro que nos interessa; ler o livro que nos convém, dentre tantas outras, foi conquistada há apenas 35 anos. Talvez muitos que estejam lendo essa nota não tenham vivido o período de Ditadura, como eu também não vivi.
Não sentimos na pele, mas temos que relembrar sempre esse período de nossa história, assim como estarmos atentos com o que vem acontecendo em outros países para dar valor ao que conquistamos. Não sentimos na pele e não queremos sentir na alma.
Termino com um trecho do Hino da Proclamação da República, letra composta por Medeiros e Albuquerque e que deu origem a um dos mais conhecidos, repetidos e cantados sambas:
“Liberdade, liberdade!
Abra as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz”
Por fim, parabenizo o presidente Jair Bolsonaro por ter, rapidamente, exonerado Roberto Alvim, como também o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, por ter se posicionado firmemente pelo afastamento de quem, segundo palavras de Maia, “passou de todos os limites”.