Vivemos um momento de tristes recordes. Recorde de desemprego, de aumento da inflação bem como do preço da gasolina e agora a confirmação de outra marca dolorosa: o endividamento dos brasileiros bateu um novo recorde. De acordo com dados do Banco Central, as dívidas correspondem a 59,9% da renda média anual. Esse é o maior patamar registrado desde 2005. A inflação é a grande vilã dessa história. Isso porque ela chegou ao maior nível para o mês de setembro desde a criação do Plano Real, segundo dados do IBGE.
Impacto da inflação
Para entender esse movimento, vamos considerar uma família que vive com uma renda de dois salários mínimos, um total de 2.200 reais. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o custo da cesta básica em setembro de 2020 no Rio de Janeiro era de, em média, R$ 563. Com o aumento da inflação, o valor passou de R$ 643 em setembro deste ano. Assim como os gastos com alimentação, os preços do gás, da gasolina, da energia elétrica e de tantos outros itens também subiram. Mesmo com o reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 1.045 para R$ 1.100, essa conta ainda não bate.
Agora, vamos imaginar que essa mesma família tenha um financiamento de um carro, dívida no cartão de crédito da compra de móveis e eletrodomésticos, além de outras contas. Com o aumento dos gastos essenciais para a sobrevivência, o pagamento dessas dívidas fica em segundo plano, isso quando sobra dinheiro. E nós sabemos o que acontece quando atrasamos esse tipo de conta: mais juros aparecem, e quando menos esperamos, o valor da dívida duplicou. Esse é mais ou menos o caminho que levou tantas famílias brasileiras ao endividamento.
Ruim para a população, péssimo para a economia
Todo esse cenário acaba diminuindo o consumo. Primeiro cortamos gastos não essenciais. Deixamos de lado aquela ida ao shopping, o churrasco do fim de semana, a festinha de aniversário do caçula, e assim vai. E assim criamos um ciclo muito perigoso para a nossa economia. Eu não sei se você sabe, mas o consumo das famílias representa dois terços do nosso Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
Com os brasileiros tão endividados, a tendência é que o consumo diminua cada vez mais. Nesse sentido, a nossa economia pode ter muitos impactos, contribuindo até mesmo para o agravamento do desemprego. Tudo isso no momento em que o país ensaia uma volta à normalidade, com o avanço da vacinação, diminuição gradual das medidas de restrição de circulação e a retomada das atividades culturais. Durante todo esse período estivemos apoiando a população através do nosso mandato. Seja através de Projetos de Lei para diminuir o impacto da pandemia, como a Lei Aldir Blanc e a proposta do uso do FGTS para pagamento de dívidas, ou através da destinação de recursos para as regiões e áreas que mais necessitam.